Temos boas e más notícias. Primeiro as boas. De acordo com o relatório da OCDE sobre Literacia Financeira Digital em Portugal (2023), em 2020, 63,2% dos jovens (entre os 16 e os 24 anos) utilizaram sites de home banking ou apps para aceder à sua conta bancária. A preferência dos adolescentes e jovens adultos por aplicativos é evidente, já que cerca de 40% apenas usa este meio. No que diz respeito aos pagamentos digitais, em 2018, cerca de 28% dos alunos com 15 anos referiram que tinham feito pelo menos um pagamento usando o telefone nos últimos 12 meses. Agora as más notícias. O estudo também mostra que os jovens têm um pior desempenho do que outras faixas etárias em questões relacionadas com atitudes e comportamentos financeiros.
Felizmente está nas nossas mãos como pais e educadores melhorar estes indicadores. E como nunca é cedo demais para incutir hábitos saudáveis de literacia financeira, podemos começar pelas apps de gestão de despesas para os mais pequeninos. Há muitas opções gratuitas, simples e divertidas – como a Monefy, o Spending Tracker, a Spendee ou o Money Manager – para que as crianças percebam a importância de saber quanto dinheiro têm e em que é que o gastam. Todas estas apps têm uma interface simples e divertida e muitas até estão em português. Além disso, vão seguramente ajudar os mais pequenos a descobrir exatamente para onde foi a sua semanada ou mesada.
A grande vantagem de começar desde cedo a utilizar estas aplicações é permitir às crianças fazer escolhas financeiras mais conscientes, tornando claro quanto dinheiro têm, onde o querem gastar e qual os montantes que pretendem poupar para o futuro (pode ser até uma compra maior no fim do mês ou no fim do ano. Não é preciso começarem já a pensar na reforma!). Tudo isto a par da importância de estabelecer um orçamento e respeitá-lo.
Os pais ou educadores podem ajudá-los a estabelecer as categorias onde habitualmente gastam a sua mesada ou semanada – como por exemplo lanches, livros/revistas, jogos/brinquedos, gelados ou guloseimas – e depois, em conjunto, definirem tetos para cada uma dessas categorias. Quando for a altura de gastar o seu dinheiro, só têm de introduzir o valor. Este tipo de organização financeira permite ter uma visualização clara de quanto dinheiro gastaram e em quê.
Por exemplo, um gelado de 2,5 euros por semana pode não parecer muito, mas no fim do mês, são pelo menos 10 euros. Será que querem gastar tudo isso numa simples categoria? Estas perguntas e a reflexão conjunta para lhe dar resposta torna o ato de gastar/poupar muito mais consciente e responsável e, sem darem por isso, já estão a dar os primeiros passos no seu caminho de literacia financeira. Para que no futuro só haja boas notícias!
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