As compras por impulso são um problema que atinge a sociedade. Mas há formas de corrigir o consumo em
excesso, como por exemplo, identificar e ensinar alguns comportamentos mais conscientes.
Devemos identificar se o ato da compra é por necessidade, ou se resulta de uma vontade ou desejo
momentâneo. Quando a compra é impulsiva, e não é associada a nenhum objetivo concreto, é possível
que se
tenha sentimentos de culpa.
É importante explicar às crianças as diferenças entre compras que são necessárias versus compras por
impulso. Isto vai ajudá-las a ter maior consciência financeira e a dar mais valor ao dinheiro. Vão
perceber a importância de planear, vão dar mais valor aos seus pertences e vão estar a ajudar o
ambiente, já que, ao evitar comprar por impulso, estão a evitar lixo desnecessário.
Como começar a conversa?
Falar de dinheiro com crianças não é fácil. Por isso, nada melhor do que começar com uma metáfora
fácil que pode ajudar a compreender a importância do dinheiro: a comida.
Há uma diferença entre necessidade e desejo
A primeira pode ser, neste caso, a fome. A comida é absolutamente vital para responder a esta
necessidade. Com a comida, ficamos saciados e satisfeitos. O desejo é mais concreto. É o que
queremos e
vamos comer, e aí temos um leque de vários tipos de comida que podemos escolher à vontade.
Neste raciocínio, responder a uma necessidade é ter uma refeição e um desejo é escolher se é comida
italiana ou portuguesa. Na sua pior faceta, o desejo pode levar-nos a comer um chocolate, em vez de
um
prato completo, para matar a fome.
O importante é ter um equilíbrio entre o desejado e o necessário, mais do que o ponto de vista
financeiro, de concretização e satisfação pessoal. Ou seja, há muitas perguntas que devemos fazer
para
perceber como agir de forma responsável. O que vamos comer, porquê, se é muito caro ou não. Devemos
ter
sempre em conta opções mais viáveis para nos comportarmos de forma mais consciente.
Controlar os impulsos é bom para o mealheiro e para o ambiente.
É bom estabelecer limites
De vez em quando, todos podemos comprar algo por desejo e por impulso. O problema é quando existem
compras por impulso em excesso, seja em quantidade ou em valor/custo. Várias compras impulsivas
podem
acabar por ter muito impacto na vida financeira da casa, chegando a criar situações de
endividamento.
Antes de comprar, pondere
No caso dos seus filhos, perceba o pedido em questão. Se, por exemplo, o seu filho começar a dizer
que
quer um brinquedo, identifique o mesmo e ajude a perceber se é um brinquedo que está na moda ou se
será
temporário, ou se na realidade é algo que a criança deseja e com o qual sonha há muito tempo.
É importante perceber se existem várias opções do mesmo brinquedo. Tomemos como exemplo uma bola.
Existem bolas de diferentes preços e de diferentes marcas. O truque está na ponderação e na
comparação.
Ajudar a explicar a compra também ajuda a que a criança ganhe mais consciência sobre o valor do
dinheiro. Desta forma, podemos ensinar mais sobre poupança.
O dinheiro que conseguir poupar, está a guardar para o futuro
Pode guardá-lo num mealheiro, mas também num Banco, colocando-o numa conta poupança. Pode começar a
pensar a longo prazo, por exemplo, para a universidade ou para a carta de condução.
Veja no nosso simulador de poupança periódica quanto é que - com
apenas 25 euros por mês, por exemplo - poderia poupar até os seus filhos terem idade para entrar na
universidade.
Também é bom para o ambiente
Comprar com consciência permite que não se compre coisas com utilização única ou esporádica. Assim,
vamos evitar criar lixo desnecessariamente.
Ensinar a gerir um orçamento e o rendimento
Explicar a relação com o dinheiro aos seus filhos passa por ensinar como podemos criar um orçamento.
O que é, para que serve, e quais são as suas vantagens.
Com um orçamento somos mais organizados com o dinheiro, sabemos o que temos e o que gastamos ou
podemos gastar. O rendimento é o dinheiro que se ganha e que não cai do céu. É o dinheiro que os
pais recebem por trabalhar, por exemplo. Mas no caso das crianças, é o dinheiro que se recebe com a
semanada ou a mesada.
De um lado existe um rendimento, do outro as despesas, que são o dinheiro que se gasta em compras,
como comida, roupa, entre outras coisas importantes lá para casa.
Para sabermos quanto dinheiro temos, é importante fazer um orçamento com um balanço entre
rendimentos e despesas. Tomar consciência das compras que fazemos e controlar as que são feitas por
desejo para que não sejam excessivas são dois comportamentos que ajudam a evitar problemas
financeiros a breve e longo prazo. Assim se ensina a importância de poupar.
Ofereça um mealheiro
Um bom ponto de partida para começar a poupar dinheiro, é oferecer um mealheiro, onde a criança pode
guardar as suas primeiras poupanças. Pode ser um ato muito simples, mas se for dinamizado (ou
estimulado) pela família em casa, vai incentivá-la a ser mais poupada e responsável.
Outra opção é optar por abrir-lhe uma conta bancária, onde tem sempre o controlo total das poupanças
do seu filho. Pode partilhar com ele a evolução do saldo da sua conta, através do extrato ou da
consulta de saldos online.